Texto escrito e publicado em Agosto.
"A tarde talvez fosse azul
não houvesse tantos desejos."
Carlos Drummond de Andrade
"É mais fácil quebrar um átomo
do que quebrar um preconceito."
Albert Einstein
,não era só a vontade de estar junto e nomear cada fio de cabelo a nascer ou cair, mas o desejo de trasmutar-se em verme e adentrar, pela carne, o corpo, e vivenciar, em comunhão com aquela alma, o que aquele ser tão interessante e parecido vivia dentro de seu casulo.
As mãos eram admiradas pelos globos oculares, o porcelanato da pele parecia borbulhar em ebulição, produzindo bolhas que desprendiam a porcelana e expunham os músculos em uma descamação grotesca e comovente. O verme cresceu, devido à sua ardencia, e penetrou o corpo, uma vez que a carne estava exposta devido a ebulição, e vivenciou, mesmo que por poucos momentos, a sensação de integrar-se ao ser amado.
O nascer-crescer-viver-reproduzir-morrer, a ordem natural das coisas, a lei da procriação, o divino multiplicar-se, o crossing-over. Sentiam, ambos, o portal do inferno se abrir e abrir seus poros, minas do suor pecaminoso jorrado pelo fogo da paixão anti-cristã.
O prazer expelido pela contraditória natureza, a qual é tão capaz de ceder tentação e desejo para o que é considerado biologicamente inútil, portanto impuro, agora unia as almas com seu grude e beleza cor-das-asas-dos-anjos. Os vestígios de amor produzido por hormônios puramente humanos logo seriam excretados junto a todo repugnante resto de matéria mal-aproveitada pelo organismo também humano, desprezada e enojada. Paradoxos da natureza: Porque iludir o ser com a paixão, fazendo-o depositar sua matéria em lugar que será excretada? Porque iludir o ser com o amor, levando-o a crer que está próximo ao divino, quando na verdade o inferno social o espera?
Cada um passou a amar ainda mais o ser pouco mais conhecido disposto à sua diante. Cada um passou a amar menos a si mesmo. Ambos conheceram o paraíso que é o objeto amado e temiam o inferno que viria pela frente ao voltarem à sociedade humana. Ambos sentiam-se, então, vermes.
Maria.
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Puxa!
ResponderExcluirMistura de uma leitura naturalista com uma visão paradoxalmente sublime e condenada das relações homoafetivas.
Resumindo, texto bão demais da conta!
Nietzsche dizia que o mundo é um imenso pântano e que a arte é a orquídea colorida e bela que nasce no alto da árvore podre.
ResponderExcluirDigo então que BLOGS DE POESIA SÃO ORQUÍDEAS NO PÂNTANO DA WEB.
Convido a ler poesia da minha autoria, escrita ontem 05/03/2011. Se gostar comente e divulgue:
http://valdecyalves.blogspot.com/2011/03/canto-vida-peregrina.html