sexta-feira, 17 de abril de 2009

Memórias

"Quanto tempo temos,
quando o vento vem?
Lembranças percorridas,
Coloridas, quem sabe? Indefinidas
Invenções, dádivas,
que não cabem no esquecimento
de um simples pensamento
de alguém que já
passou...."
Saudades de um tempo que já passou, saudades das loucuras intermináveis e dos insaciáveis desejos, saudades da amizade que felizmente ainda sinto, saudades de mim, saudades de vocês, saudades de ventos passados!

ETERNA NOSTALGIA!


Violetine

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Desabafos nada publicáveis

Era como observadora de estrelas que me sentia inteira. Deitada na rede, contando diamantes num breu de dúvidas.
Nada se encaixa, até que nos demos ao trabalho de sentar, e montar o lego. Mesmo assim, as peças podem ser de linhas diferentes, edições novas e antigas e ainda não entrarem em comunhão.
Quando balanço a cabeça, ouço um ruído: um chacoalhar de pecinhas soltas...
Não era como vestibulanda que me sentia mais sonhadora. Não é como médica que me sentirei mais solidária. Não foi quebrar regras que me tornou mais anarquista. E quando era metódica, queria sucumbir ao caos.
Não é a distância a causa da solidão. Também não é a proximidade o remédio para a saudade. Não entenderei qual é o meu papel, até o assistir da distância segura do futuro. Mas não era como amiga que me sentia completa. Nem como namorada me sentiria menos vazia.
Contar vantagem não aumenta o mérito do primeiro lugar. Contar mentiras só impõe o dever- trabalhoso- de esconder a verdade.
Porque ando em linha reta, não desvio menos do meu caminho. Subir não me fará chegar ao topo.
Escrever não me faz sentir-me mais escritora, mas minhas palavras têm mais vida do que este andróide que atende por meu nome.

rb

procura-se

meu partido
é um coração
(re)partido:

metade ficou
ontem, em algum vão
metade voôu

pro longe de amanhã...

procurado:
um terço de coração
que teria
remanecido.

rebeca

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Releitura nada Romantica de Gonçalves Dias II

Minha terra tem palmeiras
onde canta o José Sarney.
Todos aqui são bi,
mas só o Clodovil é gay.

Nossos hotéis são mais puteiros,
nossas putas são mais belas,
nossas praias mais nudistas,
nossas freiras mais magrelas.

Em buscar sozinho à noite,
mais prazer encontro eu cá:
minha terra tem puteiros
onde o Clodovil dá.



Ana Gabriela

Em uma tarde de sábado

caminhava eu dominganamente como se nao pertencesse a este lugar. De fato, nao pertenço. Mas não é o tempo ou a condiçao geografica que determinam a que coordenadas pertenço. É o ninho em si. Lar nao é onde estao as pessoas por quem sentimos afinidade, convivemos ou temos algo em comum. Coracionalmente, sinto-me mais em casa com indivíduos desconhecidos, diálogos passageiros e gestos de um futuro mundo do que em qualquer outra situaçao.
E foi aí que o segurança da rua resolveu me acompanhar. Claro, nunca é bom caminhar sozinha em cidade desconhecida onde 7 horas da noite parecem ser 3 da madrugada. Aceitei logo a proposta.
Nao nego ter sentido medo, logo de início. A rua era um deserto, os terrenos abandonados eram oportunidades.
Mas logo me senti confortada ao descobrir que meu segurança também era pai. É engraçado como certas informaçoes a respeito das pessoas nos fazem ter novos juízos a respeito delas. A situaçao em si nao mudara nada: continuava eu exposta, desarmada e sem testemunhas. Mas o senhora nada faria contra mim, afinal, era pai.
Continuei minha conversa com o pai. Agora ele me contava sobre sua família, sobre sua filhinha de 10 anos a quem provavelmente me lembrava. Parecia preocupado - que arte teria ela aprontado dessa vez? Contou-me sobre a paternidade, sobre uma mudança em sua forma de ver o mundo depois que surgiu uma criança em sua vida.
Desvendou-me um segredo: existem dois caminhos. Nao, eu nao estava perdida. Existe o bem e o mal. Existe a concepçao de futuro. Mariana havia entrado em sua vida para abrir-lhe os olhos. Nao, meu senhor não me estava fazendo apologia a nenhuma igreja, tampouco pretendia iludir-me com algum discurso benigno. Eu sentia que as palavras brotavam espontaneamente de seus lábios, sem intençao nenhuma.
Chegamos, enfim, a uma rua próxima a avenida principal, a qual deveria eu me dirigir para finalmente chegar em casa, em meu "lar". O senhor apenas disse-me para virar a direita, e nao se despediu.
Segui sua sugestão, peguei a avenida principal e nunca mais vi Nelson.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Novo partido

Louvemos a queda da religião fanática vermelha.
o declínio dos totalitarismos sanguinários,
dos cálices falsos,
dos cale-ses bradados.


Viva a democracia capitalista
e a globalização elitista!
Somos agora todos iguais
-no limite de nossa desigualdade.


Declararam meus direitos humanos
Mas esqueceram de colocá-los no mercado
Os meus sonhos flutuam na bolsa;
Minha vida financio a prazo.


Meu partido é um coração partido.
Piso às tontas em cacos e sinas
Meus inimigos escondem-se em fundos falsos
em burocracias, petições, ave-marias

Sou livre para pensar
em palavras vazias, léxicos em vão
inundo-me de rimas pobres
sou fruto da alienação

Com âmago morto, sensos comuns
arrasto meu efêmero ser.
Ideologia: eu quero uma
-pra (sobre)viver.