terça-feira, 30 de junho de 2009

Satélite

Fim de tarde.
No céu plúmbeo
A lua baça
Paira
Muito cosmograficamente
Satélite

Desmetaforizada,
Desmistificada,
Despojada do velho segredo de melancolia
Não é agora o golfão de cismas,
O astro dos loucos e dos enamorados
Mas tão-somente
Satélite

Ah lua deste fim de tarde
Demissionária de atribuições românticas,
Sem show para as disponibilidades sentimentais!
Fatigado de mais-valia,
Gosto de ti assim:
Coisa em si,
_Satélite

Manuel Bandeira

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