quinta-feira, 16 de julho de 2009

Ao norte, a felicidade

Alcançar um objetivo traz felicidade, por vezes apenas persegui-lo também. Encontrar um amor, bons amigos. Ter muitos sonhos, ter várias saudades. São tão alheios a si mesmos os caminhos para a felicidade, que persiste a dúvida: algum deles termina afinal na terra dos hiperbóreos?
Sócrates defendia a virtude com razão da felicidade. E um homem virtuoso é aquele que detém conhecimento. Sapere Audi! - é a rega. No entanto, antes que filosofias de cicuta e imperativos categóricos envenenem o pensamento: o que é felicidade?
Um olhar epicurista e a resposta se revela: a ausência de dor é esse bom augúrio por todos almejado. Para Aristóteles, ser feliz é ser capaz de equilibrar virtudes. Um estado de completa satisfação; sensação de textura tão etérea que - volátil- se perde na brisa mais suave. A felicidade é plenitude, mas é também frágil.
Conscientes de ser o prazer apenas alegria passageira, impossível considerá-lo plenitude. Enquanto o prazer distrai, a felicidade constrói. Ele é, enquanto desejo mundano, a manifestação de qualquer espécie de satisfação incompleta. Por isso, a felicidade, por ser exclusivamente humana e racional, eleva e emana.
Buscar a justiça, o amor, a liberdade não são sozinhas tarefas bastantes. A felicidade, contudo, engloba todos esses valores e desejos. O contentamento da alegria permanente se partilha com justiça e amor. A liberdade, por sua vez, é o início da Vida; é quando um indivíduo inaugura a si mesmo e se lança nessa batalha louca à felicidade.
Com sorte, autonomia e determinação é possível equilibrar-se na corda bamba da vida sem cair em chão duro e doloroso. E assim, pé ante pé, chegamos ao meio do caminho: metros de corda percorridos, léguas ainda por bambear. A felicidade - a revelia dos contos de fadas- não é eterna e estática. É, na verdade, dinâmica e mutante. Flexível, o homem buscará sempre este horizonte: o Norte, onde vivem os hiperbóreos. Onde todos são felizes e perfeitos e onde- a despeito de sempre caminhar- quem sabe o homem nunca chegará.

rebeca

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