Somos inconscientemente levados
pela maliciosa inércia (em um movimento indiscutivelmente uniforme).
A energia, medida em joules
também é medida negativa na acomodação e na preguiça.
E a ela, ninguém (se) dá ao trabalho (força vezes distância).
A velocidade é constante.
Quanto mais lembramos informações inúteis,
versos decassílabos, a cotação da bolsa
a tal roupa mais adequada, o pagamento de tal conta
mais nos esquecemos, paradoxalmente
Quem somos? Por que somos? Como devemos ser?
Somos...?
Questões aporéticas, simples
pontiagudas como espinhos invisíveis,
macias como flocos de algodão.
A velocidade está constante.
E nesse êxtase enfurecido
a força bruta das máquinas, a pressão suspensa no estalido do revólver
um corpo caindo suavemente no chão.
Somos mais ágeis.
Nossos corações enfartados estão a mil por hora.
Nossas cabeças ardentes acumulam quilos de conhecimento morto.
A velocidade permanece constante.
Mas de que adianta chegarmos aurduamente mais rápido
Se descobrirmos crucialmente no final, confusos,
de que inegavelmente
pegamos o atalho errado?
A velocidade tende a 0.
C.
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