Inicia-se na dobra que distingue sua brutalidade nata de seu desprezo pelo que julga subimportante, impotente, doce. Em veias sobressalientes correm seus desejos doentis. Para que dois braços se sequer é capaz de dar um abraço? Um já lhe seria justo.
Nascem dessa subforça seus pelos marrons, negros e dourados. Lisos, talvez profundos. Nas profundezas são abrigados seus bulbos. Um pequeno bulbo gorduroso de onde emina toda a pelagem e todo o odor. Seriam eles pequenos bulbos de cebola subcutâneos?
Observo em sua extensão várias pintas. Na parte inferior, três se destacam pelo contraste com a cor menos bronzeada da pele.
A primeira: Provavelmente a maior - provavelmente motivo de orgulho. É também a mais distante das mãos. Analisei-a de perto. Perfeitamente esférica, limpa. Chegava a ser charmosa. Talvez uma herança da genética meiga que lhe fora recusada pelo espírito medíocre.
A segunda: Repugnante. Disforme. Imagino que um dia sua vaidade lhe faça arranca-la. Ou talvez sua preocupação com a saúde. Nela há dois bulbos: um grande, central, de qual brota um grande pelo negro, possivelmente retirado esporadicamente. Um menor, próximo ao central, praticamente insignificante. Se os olhares não se destinassem ao anterior, dificilmente este seria notado.
A terceira: bastante próxima à mão, era a de cor mais suave. Sequer sei julgar se era uma pinta ou uma mancha. Localiza-se sobre uma das veias sobressalientes do pulso. Era esta a responsável pelo juízo de não cortar-se com a navalha nos momentos de angústia?
Quase formavam as três marias, se não fosse por um pequeno desvio da terceira em relação ao eixo formado. No entanto, a linha construída por tais quase acompanhavam as linhas de fluxo sanguíneo. Um dia abrirei o antebraço para descobrir.
No pulso, veias e artérias, cruzelíneas, prestes a explodir. Mimetismo da força apenas aparente. Destinam-se finalmente a irrigar suas mãos, aparentemente mais humanas, sobre as quais escreverei em uma ocasião mais oportunua.
Maria.
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