Tudo teve início quando, misteriosamente, D. Maria Glória Pinheiros desapareceu. Foi vista pela última vez em Itabira há cinco meses saindo da igreja em disparada, entrando em seu caro zero, acelerando e fugindo para nunca mais voltar, segundo relatos.
O juíz deixou de julgar; o arquiteto, de arquitetar; o cozinheiro, de cozinhar. A cidade agora era movida em torno do estranho desaparecimento de D. Maria Glória Pinheiros.
-Suponho ter sido uma crise existencial, um caso de epifania que estranhamente alterou a vida de D. Maria Glória - sugeria o analista. - Essas crises atingem cada vez mais um contingente maior de pessoas, e D. Maria Glória estava tão apta ao estresse como cada um de nós...
- Pois eu acho que essa sem vergonha estava era fugindo com algum amante! - Exaltava-se a manicure.
O carteiro ansiava por alguma correspondência destinada à D. Maria Glória. O detetive já havia investigado até sua camisola de bolinhas. A comunidade educacional censurava qualquer comentário a respeito do estranho desaparecimento de D. Maria Glória Pinheiros, a fim de proteger as puras mentes das criancinhas de Itabira.
Silencioso, discreto, apenas o padre conhecia as causas do estranho desaparecimento de D. Maria Glória Pinheiros. Não as descobrira por meio de uma confissão. Não desvendara os segredos da alma de D. Maria Glória. Testemunhara, apenas, o terror expresso na límpida face de D. Maria Glória Pinheiros quando ela descobriu as precárias condições de higiene onde eram guardadas as ósteas da paróquia.
kélody.
ps; Em homenagem ao aniversário de uma das poetas vivas. Com todo o meu amor e admiração pelo talento literário de uma das pessoas mais maravilhosas que eu já conheci.
Rebeca B.
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