Deitei mais uma vez ensopada de suor. Meu corpo sentia o cansaço da tensão que me fazia ir de uma ponta do colchão à outra repetidamente. O medo de cair da cama me assaltava a toda vez que eu rolava até muito perto da beirada. E também tinha o medo de dormir; além da exaustão que me deixava sonolenta e semiconsciente. Lutei contra aquela onda empírica com todas as forças que restavam ao meu corpo esgotado. Cada batalha perdida representava uma sessão de imagens toscas, mas que me apavoravam!
Fechei os olhos, inquieta. Estava de repente em um mundo liliputiano, perdida e tão pequena quanto Alice depois de sua primeira poção. Veio então uma mão gigantesca e selecionou alguns de meus colegas-miniatura passantes na rua e... eu fui agarrada pelo cabelo; içada até a altura em que outra mão em concha me aparou. As falanges grossas seguravam com cuidado seus brinquedinhos e nos conduziu a um monte de terra. Quando olhei para baixo, formigas ruivas saindo de buracos no chão, ameaçadoras. Caí em direção à sociedade de insetos que me assustava... sabia que estava condenada aos cem anos de solidão...Abri os olhos; sentei-me.
O quarto parecei ainda mais escuro. Lá fora, um carro passou na rua e as luzes formaram contornos na parede- senti tontura e vertigem e deitei-me outra vez. Fechei os olhos. Apareci sentada em uma pilha de livros, ansiosa para devorá-los. Apanhei o primeiro que vi, mas ele estava em branco. Páginas e páginas limpíssimas, vazias... Como eu poderia estudar sem livros? Senti as formigas ruivas subindo no meu tornozelo em fila- como quem carrega uma determinação infernal ou uma ameaça de morte.
Corri até o canto da sala redonda e abarrotada de estantes e agarrei outro exemplar que brilhava. Abri o livro às pressas e as muitas cores e luzes me enjoaram. Senti meu estômago se torcendo e retorcendo... Vomitei toda aquela angústia e desespero de uma só vez. Abri os olhos em busca de um pano e um balde d'água para livrar meus lençóis daquele cheiro insuportável. Contudo, não vi a gosma verde que acabara de sair de minha boca.
Logo que vi a claridade na janela, levantei-me e fui tomar um banho frio. Livre do suor da semi-insônia, saí. Uma caminhada talvez fosse uma boa idéia...
rebeca b.
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As angústias de uma vestibulanda prestes a entrar em colapso... Retrato perfeito!
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