Se essa rua, se essa rua fosse minha, não teriam mais meninos nos semáforos a fazer malabarismos por trocados. Não veríamos nenhuma criança sendo explorada para esmolar na frente de restaurantes, implorar por piedade de quem só tem indiferença. Pagariam altas penas aqueles que colassem adesivos mal-educados como um que vi dia desses: " Não sou seu tio, não tenho dinheiro e odeio malabarismos".
Mal sabe essa gente que a maioria dos meninos de rua não sabe ler. Nunca foram à escola, nem mesmo têm onde morar. O futuro para garotos do asfalto é incerto demais. Suas opções se restringem a virar bandido ou ajudante de bandido. Essa é a lei da rua: sobrevive o mais forte, o mais esperto, o mais rápido, o que tem mais sorte. Mas, ah! se essa rua fosse minha...
Se essa rua, se essa rua fosse minha, tiraria todos os meninos de lá. Colocaria cada um em uma cama confortável, com um livro na mão. Ensinaria a ganhar dinheiro sem roubar, a receber salário por um trabalho bem feito. Coisa que a iniciativa pública e privada já deveriam estar fazendo. Afinal, essas crianças são humanas e merecem ser tratadas como tal! Até cachorro tem vida melhor!
Sem meninos nas ruas, sem a nova geração de assaltantes, sequestradores, traficantes e ladrões largados por aí, minha rua seria mais segura. Se essa rua fosse minha, andaríamos desprotegidos a qualquer hora sem medo; e ainda com a certeza de que os garotinhos que limpavam pára-brisas e cuidavam carros fariam um país melhor, já que seriam pessoas melhores.
Existem tantas crianças esquecidas pelo governo e pelos cidadãos que nem sei como cabem nas ruas. Pequenas sementes de uma planta chamada futuro, sem água... sem luz... sem chão. Eu faria uma rua ladrilhada, não com pedrinhas de brilhante, mas cheia de esperança. Mas essa rua não é minha. E os meninos não são de ninguém.
Rebeca
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ResponderExcluirmuito bom o texto. Bem escrito e tocante. sigam com o blog!
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