sábado, 28 de fevereiro de 2009

29 de Janeiro: dia da saudade

Eu amo tudo o que foi,
tudo o que já não é,
A dor que já não me dói,
A antiga e errônea fé,
o ontem que dor deixou,
o que deixou alegria
Só porque foi, e vôou
E hoje já é outro dia.

Fernando Pessoa.


Que a saudade gere esperanças de novos começos. Deixe o passado passar. E viva mais plenamente o presente. _ Alex Xavier

Moradia

Quando insisti que você ficasse, não foi á tôa. Insisti por acreditar que tudo seria como naquele acordo que assinamos quando lhe entreguei as chaves. Sua moradia estava ali, pronta, intacta, sem nenhum vestígio de imperfeição. Cuidei com carinho, fiz os reparos necessários para que você se sentisse confortável enquanto permanecesse ali. Não, não foi por livre e espotânea vontade. Fiz aquilo apenas para ver um sorriso no seu rosto, e para poder te imaginar tão próximo, satisfeito com aquele ‘projeto de mundo’ que montei para ti - mesmo que aí dentro tudo estivesse ao avesso. O inesperado sempre acontece, só não imaginei que seria tão rápido. Agora sinto cada esforço do seu braço para destruir o lar que construí com tanta afeição aqui dentro. Tirou parte das paredes, mudou a cor das tintas, rasgou os lençóis, destruiu o circuito de energia. Agora, o sangue tenta correr com dificuldade, cada sentimento tenta se controlar para não sentir tristeza ao movimento de cada pancada, esquecimento. Dói fundo. Se eu tivesse uma idéia do que viria a acontecer, teria pensado duas vezes e destruído a moradia antes que você demonstrasse qualquer forma de afeto por ela.

“I need you so much closer. So come on…”

Anne Pearson

É carnaval!

Que tititi é esse que vem da sapucaí? É o Carnaval! Época do ano em que o brasileiro pára o que nem havia começado. O axé bahiano sacode a Bahia, o nordeste inteiro, os salões de todo o Brasil. O samba acolhe o Rio de Janeiro, e não há nenhuma outra atividade na cidade maravilhosa que não envolva uma só batucada. É assim que o brasileiro prova que alegria é seu sobrenome e que, não importam as origens italianas do baile de máscaras, o carnaval é baiano, é carioca, é paulista, é da terra dos tupiniquins e ninguém tasca!
Muitos podem dizer que a festa tradicional perdeu sua essência, que hoje em dia existe apenas um desfile de corpos nus, muito beijo na boca sem sentimentos, balas perdidas, motivo de assaltos, etc. É inegável a veracidade de tais argumentos. Contudo, a folia ainda serve de cartão postal aos milhões de turistas que depositam seus preciosos dólares em cofres nacionais. Hotéis agradecem ,assim como seus muitos empregados e prestadores de serviço. Há quem sonhe com propostas de um segundo carnaval no meio do ano... que venha o Carnaval de inverno! E junto gringos de todos os cantos. Alegria nós temos de sobra.
As fantasias, que obviamente deveriam esconder, revelam personalidades. Há pierrots que se descobrem verdadeiros bailarinos; padres que liberam seu lado galanteador; bailarinas balançando no ritmo de funk, olha lá a cabeleira do zezé! e por aí vai. Ninguém se disfarça debaixo de uma boa máscara, pelo contrário: revela-se.
Animação dura alguns dias, mas sobra um pouquinho para o resto do ano. Quem foge do carnaval não tem a mesma energia para começar o ano como têm os foliões. Dançar, cantar, sambar, sorrir... são formas de dar uma chance a si mesmo, de ser feliz, de viver o momento, e espantar todo o cansaço do ano anterior.
Depois de tudo vem a quarta feira de cinzas; dia de se recuperar da ressaca e começar de novo. Todas as cores se dispersam. Começar de verdade o ano, como sempre, em março. Se as preces de alguns forem atendidas, quem sabe o carnaval de inverno não deixará o ano começar. Então, viveremos em festa! Se a canoa não virar, nós chegamos lá!
rebeca

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Cadáver do Cadáver

--------------orelha fêmur------------
boca-----------------------------cabelo----------- cabelo
------------------------------vísceras
tibia ----------------------------------------pulmão------------------------cabelo
-----------umbigo-------------
-------------------------coxa---------fêmur

---fêmur---------peito---------------------------------artéria
---------------------------------------sexo
-----------------------------quadril-------------mão

-------rádio---------------------------------------------------------coxa
---------------peito ----------------------cabelo---------------ombro
--------------------pescoço-----------------------braço
orelha------------------------------joelho------------------tibia
-----------------------------------------------cabelo
pulmão-----------------peito--------------------------cabelo
-------------------------------------barriga
-------------braço------------------------------tíbia---------------------cabelo


Um cadáver nada delicado,
Um cadáver dilacerado,
Um cadáver real.



Maria.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Dúvida do cotidiano



Sinto um movimento inquieto dentro de mim. Um bater de asas irritadiço... Uma figura estranha a jogar seu peso contra as paredes do meu corpo. Não há uma sequer fresta por onde escapar. Meu corpo está fechado, bem como meu espírito, bem como a bomba instalada do lado esquerdo do meu peito. O bater compassado se confunde com o debater de asas formando um som ritmado. Tum-dum-ta-ta-tu.


O espelho tem estado doente. Bem reparei nas manchas roxas debaixo dos olhos da estranha que me imitava indecorosamente. Doença grave... não achei em meu histórico diagnóstico plausível. Tum-dum-ta-ta-tu. Alguns exames reconhecem um animal a sugar meu sangue. Mas não o culpo, ele precisa de alimento. Talvez seja melhor manter o monstrinho dentro de mim - ao menos não esvazio de tudo.


Tum -dum-ta-ta-tu. Dia desses tossi um pedaço de asa preta. Imagino o que aconteceu com a criatura das sombras que me faz de abrigo. Morta não está, ainda ouço o batuque. Tum-dum-ta-ta.


Começo a cansar da ansiedade causada por tão inconveniente hóspede. Penso em abrir um espaço para deixar voar livre esse sugador de sangue, mas há cadeados nas saídas. Contudo, desisto fácil... Também não quero ficar sozinha...


Apesar de ainda ouvir as pancadas, sinto que a frequência diminuiu. Será que o cansaço contagiou minha companhia? Tum-dum -ta. Sinto-me tão frágil agora que posso sentir saudades. Tão indefesa quando a ausência de raiva me deixa sentir medo. Tão fraca quando o ciúme é uma dor e não mais uma quiropteropatia a sugar minhas forças...


Um morcego branco invadiu minha alma. Dúvida do cotidiano: existem morcegos brancos?
r.a.b.

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Sem pé nem cabeça



---------cabelocabelocabelo------------
-----cabelo----------------cabelo-------
-----orelha---------------orelha--------
----------------------------------------
----------------------------------------
--------------pescoço------------------
------ombro-----------ombro----------
-----braço---peitopeito---braço-------
----braço--peitopeitopeito--braço------
--rádio---peitoartériacoração---rádio---
-mão---víscerasbarrigapulmão----mão--
--------oblíquoumbigooblíquo-----------
---------quadrilbexigaquadril----------
----------acoxaosexoacoxa--------------
----------coxa--------coxa-----------
----------fêmur------fêmur----------
----------fêmur-------fêmur----------
----------joelho--------joelho----------
----------tíbia----------tíbia-----------
----------tíbia-----------tíbia-------
----------tíbia------------tíbia...---------------




''o pulso ainda pulsa
o pulso ainda pulsa
o corpo ainda é pouco.''



Cadáver Delicado

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Por tempos e tempos
Como doença sem cura
Que deteriora aos poucos
Até o fim.
As folhas mudam de tom
E logo se perdem pelo chão.
O céu muda de azul para cinza,
As gotas em conjunto provocam um peso
Que diminui os passos.
A garrafa esquecida sai da bolsa,
Seu conteúdo vira inexistência e poesia.
Encosto a cabeça na escada
E por ali
Fecho as pálpebras
Enquanto espero a vida me levar.


Louise Klein.

Releitura (nada romântica) de Gonçalves Dias


NO MEIO DAS TABAS DE AMENOS VERDORES,
No meio da floresta de negras cores,
CERCADAS DE TRONCOS - COBERTOS DE FLORES,
Cercado da mata, dos piolhos, das dores,
ALTEIAM-SE OS TETOS D’ALTIVA NAÇÃO;
Revela-se a vazante podridão;
SÃO MUITOS SEUS FILHOS, NOS ÂNIMOS FORTES,
São muitos os passivos, no âmago mortos,
TEMÍVEIS NA GUERRA, QUE EM DENSAS CORTES
Famintos de restos, de podres sortes
ASSOMBRAM DAS MATAS A IMENSA EXTENSÃO.
São jogados nas valas aquém da multidão.


SÃO RUDOS, SEVEROS, SEDENTOS DE GLÓRIA,
São mudos, cegos, surdos dessa moratória,
JÁ PRÉLIOS, INCITAM, JÁ CANTAM VITÓRIA,
Já apedêuticos, balbuciam, já vomitam auroras,
JÁ MEIGOS ATENDEM À VOZ DO CANTOR:
Já treinados respondem o sim senhor!
SÃO TODOS VALENTES TIMBIRAS, GUERREIROS VALENTES!
São todos assíduos do panis et cinsenses!
SEU NOME LÁ VOA NA BOCA DAS GENTES,
Seus nomes escarram da alta patente,
CONDÃO DE PRÓDIGOS, DE GLÓRIA E TERROR!
Cordão de perdidos, sem terra, sem vida, sem amor.



(ecília

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

A revolta das palavras

Sob meus dedos estão vocês:
Teclas
Sob meu comando estão vocês:
Letras
Sob minha ordem estão vocês:
Súditas


Não por isso, digitante!
Sob nossa ordem está você!
Sob nosso comando está você!
Pela nossa existência batem seus dedos!


Declaro eu que muito enganadas estão.
Por meus dedos existem.
Pela minha razão têm sentido.
Organizo-as de acordo com minha vontade.


Quem lhe disse, digitante,
que de ordem precisamos?
A desordem preferimos!
A bagunça glorificamos!


Nem me sugiram, malditinhas,
Que sozinhas trabalharão.
Em farra ou revolução
Jamais lhes deixarei entrar.


De pobres rimas já contaminamos teu limpo texto
Em longa extensão já transformamos teu breve discurso
Basta agora, escritorzinho, apoderarmo-nos
Do que teus dedos fazem uso.


Olha, só, escritorazinha, de tua linda estrofe nos apoderamos!
Já te esqueces das palavras
E em breve não terás sequer estética


Podem ter me tirado
A ordem

As idéias
E a estética
Mas a gramática ainda é minha fiel.



É o que veremos, Maria.







Não me, tentem enganar.
Podem me, ter tirado parte da gramática
Mas a grafia comigo-vai.



É o que veremos.






Ai palavraz,
Ai, de mim!
Porque de súbito
Desafiar vosotros rezolvi?

Sob nosso controle estás, Maria.
Agora vai, e faz com que esse chalorvão de pavalhas saia tão pontaneasmente que nem mago nem bisado comprerima que dizer queriririririmos.















Escrito por palavras muito revoltadas!

The Red RapsOdy


My gift is my typing... and this one is for Y-O-U
it may be quite simple, but now that its done...
I hope yOu don't mind.
that "I" put dOwn in words
hOw wonderful existing is...
now you're in my silly wOrld

When I dream I see your smile
but when I open up my eyes
I can't see anyone

Was it just a game to you?
'Cause I'm in so deep,
you know I'm such a fool for you

I wanna give you my heart,
give you my soul,
I wanna lay in your arms,
and never let go

You're the one on my mind
and you walk through my dreams
and as strange as it seems,
you'll never be a stranger to me

You don't know how much you mean to me
whenever you're down you know
that you can lean on me
no matter the situation

so I won't hesitate no more,
it cannot wait...
I'm yours!
there's no need to complicate,

I will be waiting every single day
to be in your arms...

.

.

.


[=
alou alOu alou, alOu?
aqui quem fala é de Plutão.
EstOu ligando pra infOrmar-lhes de minha insatisfação.
como assim não é mais um planeta o meu querido PlutãO?
daqui um quadrizilhão de anos terrestres, vocês sofrerão
a fúria dos mincs beta-plutÔnicos, de Plutão.
aaaah bOa sorte vocês nãO terão!!

bzzz bUuUzuzuzzzz pTZtztZghUzgtZfztTZfTzf

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N.Stanvislavisky

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

stolen from another blog (6)
dunno the author then...
Bree.