sábado, 28 de fevereiro de 2009

Moradia

Quando insisti que você ficasse, não foi á tôa. Insisti por acreditar que tudo seria como naquele acordo que assinamos quando lhe entreguei as chaves. Sua moradia estava ali, pronta, intacta, sem nenhum vestígio de imperfeição. Cuidei com carinho, fiz os reparos necessários para que você se sentisse confortável enquanto permanecesse ali. Não, não foi por livre e espotânea vontade. Fiz aquilo apenas para ver um sorriso no seu rosto, e para poder te imaginar tão próximo, satisfeito com aquele ‘projeto de mundo’ que montei para ti - mesmo que aí dentro tudo estivesse ao avesso. O inesperado sempre acontece, só não imaginei que seria tão rápido. Agora sinto cada esforço do seu braço para destruir o lar que construí com tanta afeição aqui dentro. Tirou parte das paredes, mudou a cor das tintas, rasgou os lençóis, destruiu o circuito de energia. Agora, o sangue tenta correr com dificuldade, cada sentimento tenta se controlar para não sentir tristeza ao movimento de cada pancada, esquecimento. Dói fundo. Se eu tivesse uma idéia do que viria a acontecer, teria pensado duas vezes e destruído a moradia antes que você demonstrasse qualquer forma de afeto por ela.

“I need you so much closer. So come on…”

Anne Pearson

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