sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

A revolta das palavras

Sob meus dedos estão vocês:
Teclas
Sob meu comando estão vocês:
Letras
Sob minha ordem estão vocês:
Súditas


Não por isso, digitante!
Sob nossa ordem está você!
Sob nosso comando está você!
Pela nossa existência batem seus dedos!


Declaro eu que muito enganadas estão.
Por meus dedos existem.
Pela minha razão têm sentido.
Organizo-as de acordo com minha vontade.


Quem lhe disse, digitante,
que de ordem precisamos?
A desordem preferimos!
A bagunça glorificamos!


Nem me sugiram, malditinhas,
Que sozinhas trabalharão.
Em farra ou revolução
Jamais lhes deixarei entrar.


De pobres rimas já contaminamos teu limpo texto
Em longa extensão já transformamos teu breve discurso
Basta agora, escritorzinho, apoderarmo-nos
Do que teus dedos fazem uso.


Olha, só, escritorazinha, de tua linda estrofe nos apoderamos!
Já te esqueces das palavras
E em breve não terás sequer estética


Podem ter me tirado
A ordem

As idéias
E a estética
Mas a gramática ainda é minha fiel.



É o que veremos, Maria.







Não me, tentem enganar.
Podem me, ter tirado parte da gramática
Mas a grafia comigo-vai.



É o que veremos.






Ai palavraz,
Ai, de mim!
Porque de súbito
Desafiar vosotros rezolvi?

Sob nosso controle estás, Maria.
Agora vai, e faz com que esse chalorvão de pavalhas saia tão pontaneasmente que nem mago nem bisado comprerima que dizer queriririririmos.















Escrito por palavras muito revoltadas!

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